Você já ouviu falar em “from cradle to cradle”?
Talvez em inglês fiquemos confusos, mas isso significa algo simples “do berço ao berço”.
Quando você pensa nesse aspecto, o que lhe vem à mente? Estamos acostumados a pensar na vida com um começo, meio e fim. E que esse fim seja “lançado” no túmulo. Quer dizer, o ser humano nasce no berço e morre no túmulo.
Por muito tempo esse sistema foi utilizado como parâmetro nos processos econômicos de fabricação e utilização dos produtos. Você já ouviu falar em processo linear de produção? Pois bem, é exatamente disso que estamos falando. O curso linear, ou seja, a existência dos consumos teria sempre um começo no “berço” — “from cradle” — e um fim no “túmulo” —”to grave”.
Berço e túmulo, aqui, representam nada mais que a natureza — como berço de toda matéria prima que extraímos e utilizamos — e o túmulo como os lixões inadequados e os descartes irresponsáveis.
Contudo, com o passar do tempo, pessoas começaram a perceber que esse tipo de estrutura cronológica de fabricação degradava o meio ambiente e sequer era mais lucrativa. Por isso, passou-se a buscar meios de fazer com que matérias primas, produtos, consumos, manufaturas, ao invés de serem descartados como “mortos” sem nenhuma utilização, fossem reutilizados, reproduzidos, remanufaturados.
Lá no blog já falamos sobre o que é a economia circular e também sobre um dos primeiros processos e o mais conhecido da técnica do “cradle to cradle”, a reciclagem.
Hoje, vamos falar um pouco mais sobre esse processo, mas em outro tópico, tão importante quanto: remanufatura.
Você saberia me dizer o que é manufatura e o que seria a remanufatura? Não? Sim? Bom, não importa porque conhecimento nunca é demais! Acompanhe esse artigo e entenda o que tudo isso significa!
COMEÇANDO DO INÍCIO: O QUE É MANUFATURA?
A manufatura é um método de produção que o homem utiliza já há muito tempo.
“Manu” vem de manual e “fatura” de faturar, fabricar. Isso quer dizer que manufatura nada mais é que o processo de fabricação manual dos produtos.
Contudo, a partir da evolução industrial, a manufatura saiu da zona de “artesanato” para algo mais elaborado. Hoje em dia essa palavra é utilizada para citar fabricação de produtos em grande escala.
Um exemplo dessa mudança de perspectiva começa lá atrás, com um homem inovador e ousado chamado Henry Ford. Ele mesmo, o dono da Ford, que faz os carros legais, sabe?
Por volta de 1914, Henry Ford decidiu iniciar uma série de fabricação em massa de carros. Ele passou a utilizar mão de obra em quantidades enormes, e cada operário funcionava como um mecanismo impecável e único.
A fabricação de carros era tão rápida, que a Ford produzia 1 carro a cada 98 minutos. E por incrível que pareça, essa montagem e utilização de mão de obra estava longe de ser escravagista.
Para a época, Henry Ford inovou a maneira de trabalho — daí temos o “Fordismo” como técnica administrativa. Ele conseguiu fazer com que os operários ganhassem bem mais que em outras indústrias, criando um ambiente de trabalho humanitário.
Com esse exemplo do começo da Ford, podemos dizer que a manufatura é, hoje, um sistema de fabricação de produtos que têm como foco a agilidade e a fabricação de produtos em grande escala.
Tá, e o que isso tem a ver com a economia circular ou sustentabilidade? Tem tudo a ver, porque nos dias atuais o mercado deve estar cada vez mais voltado à remanufatura.
E como tudo que leva um “re” antes do nome quer dizer repetição, remanufatura é exatamente isso. E aqui vemos o “cradle to cradle” acontecer.
DIFERENÇAS DA REMANUFATURA
Ok, sabemos o que é manufatura e temos uma ideia do que é a remanufaturar. Mas, você sabe qual a diferença entre remanufatura, reutilizar, redistribuir e reciclar? Uma coisa todos têm em comum: sair do berço e voltar ao berço.
Porém, de cada uma dessas etapas que contemplam a economia circular, nenhuma é repetitiva e tem um caminho, meio e método diferente de alcançar o objetivo principal, que é ajudar o processo econômico ser ambientalmente saudável e lucrativamente valorizado.
· Reciclagem
Como vimos já em outros artigos lá no blog, a reciclagem é um processo que faz com que, aquilo que seria jogado fora, volte a ser uma matéria prima para a fabricação de novos produtos. Isso é diferente de remanufaturar, e você entenderá o porquê daqui a pouco.
· Reutilizar
A reutilização é um processo simples: comprei, usei, reutilizei e assim segue. Depois dessa cadeia de usar e reutilizar — quanto menos descartáveis no meio ambiente, melhor — podemos ir por três caminhos:
- Reparar
- Redistribuir
- Remanufaturar
REMANUFATURAR
Teremos artigos falando exatamente sobre cada um deles, inclusive sobre a reutilização, que não se limita a usar o produto diversas vezes e depois jogar fora. Porém, vamos focar na remanufatura hoje.
Como vimos, a manufatura é aquele processo industrial que abrange os métodos de fabricação em grande escala. Contudo, como isso pode ser repetido, isto é, refeito?
Diferente dos outros métodos de trazer o consumo à sua origem, a remanufatura não se trata de pegar aquele material descartado e criar outro com ele, e sim, de, literalmente, “refabricá-lo” exatamente como ele era antes.
O CRR (Centro de Remanufaturamento e Reutilização) descreve no site Remanufacturing o significado de remanufatura, como o processo industrial de um produto ou componente anteriormente vendido, desgastado ou não funcional que passa por procedimentos para voltar à condição de “novo” ou “melhor que os novos” em nível de qualidade e desempenho.
É como fabricar um produto do zero, tornando sua qualidade igual ou superior à anterior. Mas é importante dizer que isso não é sinônimo de conserto ou reparo — veremos isso em artigo específico.
Um exemplo bem simples são os toners ou cartuchos de tinta remanufaturados.
ETAPAS DA REMANUFATURA
Para que um produto seja assim considerado, é importante que ele tenha passado por todas as etapas do processo industrial. Após ser recolhido, ele é desmontado e então inicia-se a técnica de remanufaturamento.
- Desmonte
- Testes
- Reparo nas peças
- Limpeza de peças
- Inspeção das partes
- Atualizações necessárias às tecnologias
- Substituição de peças
- Remontagem
Em cada uma desses estágios, existem testes de qualidade e garantia.
Não é igual a pegar um celular que está com a tela quebrada, arrumar a tela, e colocar de novo pra vender.
O celular, no caso, seria inteiramente desmontado, analisado, limpo, inspecionado, com substituição de peças, atualização de outras, análises e testes de qualidade, para verificar se o produto está no nível de qualidade de um novo, e de maneira objetiva, espera-se até que supere o anterior, por conta das atualizações.
CONCLUSÃO
Dessa forma, a remanufatura fecha o ciclo. Cradle to cradle. Saiu do berço e voltou a ele, não foi direto para o lixão sem a chance de ser novamente produtivo.
Esse método é incrível pois auxilia de forma eficaz na diminuição de descarte indevido. Diversos produtos que poderiam ser remanufaturados, hoje, se encontram de forma indevida e irresponsável em lixões, aterros e no próprio meio ambiente.
A economia circular abrange diversos meios para que nosso “lixo” vire “luxo”, como dizem por aí. Não é à toa, quanto menos precisarmos extrair do meio ambiente, e quanto menos jogarmos fora, mais chances temos de diminuir a poluição desmedida do planeta.
Além de que essa é uma abordagem de fabricação industrial não apenas limpa, como também rentável. Muitas vezes, vale mais a pena atualizar uma peça ou limpá-la, do que fazê-la do zero. Isso economiza energia, tempo, recursos e agiliza os processos.
E aí, achou interessante esse tema? É importante ficar por dentro das chances que temos de ajudar o planeta a ser e permanecer saudável!
Veja mais no nosso blog sobre assuntos relacionados à economia circular. A Papeis Barão trabalha com o planejamento ambiental, que tem por finalidade ajudar sua empresa a também fazer parte do grupo que se importa com o planeta em que vive.
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